segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

As tuas mãos cravadas em mim.

"O Rapto de Prosérpina", Giovanni Bernini (1598/1680)
As tuas mãos cravadas em mim.
Mistura de memória quase apagada, com desejo, com saudade, com raiva.
Tenho tanto para te dizer e não sei como. Estou engasgada com as minhas próprias palavras, sufocada na confusão do que sinto. Será que te desejo ainda? Que, louca desvairada, ainda te amo? Será que algum dia te amei? Provavelmente baralhei tudo e misturei amor com paixão, com desejo, com tesão. Ou então sou apenas eu a tentar justificar-me - porque havia eu de me inflamar sempre que me ligas se não és nem nunca foste meu? Se não sou tua... mas de outro?
Já nem sei há quantos anos o meu olhar não encontra o teu. E no meio destes anos, outros se passaram sem que nos falássemos sequer. Mas, de repente, o telefone toca. É uma mensagem tua. Estremeço. Digas o que disseres, a sensação é sempre a mesma - as tuas mãos cravadas em mim. O teu olhar no meu. A tua respiração em sincronia com a minha, acelerada, pesada, quente. Tu comigo. Tu em mim, com força. Eu em ti, gritando em silêncio. As minhas unhas cravadas nas tuas costas e as tuas mãos. Cravadas... em mim.
Essa memória nunca esquecida, apenas adormecida, acorda-me com a violência do mar de inverno contra as rochas. E no meio do sobressalto em que me mergulhas - mesmo sabendo que passarei meses sem voltar a saber de ti novamente - é fantástico... sinto-me viva.

5 comentários:

Sofia M disse...

Não estando eu dentro de ti para saber ao certo o que sentes, deixo-te apenas uma frase que me enviaram uma vez por mail e pela qual me apaixonei de imediato:

"A distância faz ao amor (paixão...) aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande."



Viajante pelos Sentidos disse...

Ooops... guess I'm in trouble.

Beijo viajante*

Sofia M disse...

Viajante...

Olha que não...necessariamente.

Muitas vezes esse sentimento pode funcionar de certa forma como um "guilty pleasure".
Todos temos os nossos.
Desde que não nos sufoque, não há nada de mal em deixar a mente e o corpo viajarem...

:)

Beijo

Red Light Special disse...

Poderia dizer muita coisa, mas aqui a Nikita já disse tudo. :) Deixa fluir... sem culpas. Delicia-te com as recordações, sonha alto, mantem os pés no chão. :) Beijinho às duas.

Viajante pelos Sentidos disse...

Red... é exactamente isso que (tento) fazer. Sempre com os pés no chão. Até porque este é um sonho bom e mau, doce e amargo... mas cá em baixo "na terra", valores mais altos se levantam.

BEIJO!