segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Meu amor nunca é tarde nem cedo...


...para quem se quer tanto.


Tento acreditar que assim seja. Quando leio palavras assim, que contam a nossa história, todo o meu sujeito poético se revolve em letras e palavras e vírgulas, que voam ao vento como folhas caídas. Depois sento-me em frente ao teclado... e apenas estas magistrais linhas me bastam para te recordar - naquelas noites infinitas que "de aromas e beijos se encheram" e em "que os nossos dois corpos cansados não adormeceram".
Porque às vezes sinto que por "entre os braços da noite" de tanto nos amarmos, vivendo morremos, preciso de te manter assim, vivo em mim. Ingenuamente desejo que sintas o mesmo. Secretamente... desejo que um dia os caminhos das nossas vidas se voltem a cruzar, quando tal não for fatal para ambos. 
Por enquanto, tudo são memórias... e palavras. 

E um corpo - o meu - à espera do teu.


"Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto."
Estrela da Tarde, de José Carlos Ary dos Santos

8 comentários:

Anônimo disse...

Por enquanto, tudo são memórias... e palavras.

e é assim que se perpetuam as coisas...no por enquanto, que implica sempre que ainda serão, que sempre serão, que nunca deixarão de ser, mesmo que a forma como são mude..e muda! mas o que conta,o que é, o que se sente...fica!

Linda esta música! às vezes esqueço-me que se cantam em português dos melhores poemas que há no mundo...

Obrigada pelo sorriso que me trouxeste!

LC

Ártemis disse...

As memorias por vezes é tudo o que nos resta...mas pode ser que um dia o tempo volte às nossas mãos e o futuro seja apenas o começo!
beijo
Ártemis

Sofia M disse...

Há dias na nossa vida que nós sempre soubemos que chegarão.
Sabemos e pronto. Um dia será o dia. Não sabemos quando. Não sabemos como, mas que aquele dia virá, isso é certo.
Provavelmente quando tudo esteja a postos para isso, o que se calhar hoje ainda não está. É sinal que ainda há algo mais para viver antes do dia D.
Pois então...vivamos!

Mas o dia D (ou o momento M...), esse, chegará!

Até lá, tudo é vida. E há muito para viver!

Vício de Ti disse...

Engraçado ainda hoje vim a ouvir as canções com os poemas de Ary dos Santos :)

Viajante pelos Sentidos disse...

LC, fico feliz pelo sorriso. :) E não podia estar mais de acordo. Beijinho viajante!

Viajante pelos Sentidos disse...

Artémis, é esse o meu (secreto e forte) desejo... Beijinho!

Viajante pelos Sentidos disse...

Nikita... vivamos então! Uma vida apimentada pela expectativa... ;) BEIJO!

Viajante pelos Sentidos disse...

Vício de Ti, as canções do Ary nunca caem mal... ;)