quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Magia...

...parece que é magia, quando outro escreve algo que me diz tanto. Que me diz tudo. 

"Comecei a amar-te no dia em que te abandonei.
Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito (como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria?), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar.

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona.
Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles."

De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona.Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “casei-me com outra para te poder amar em paz”. Ela disse: “casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“amo-te como um louco”) e as palavras de outro (“amo-te como uma louca”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles."

Pedro Chagas Freitas

5 comentários:

Picasso Fodengo disse...

Bom Dia

Gosto de muitas coisas do que escreve o Pedro.
Mto bom mesmo.

:-)

Sofia M disse...

Ora...

Aqui está algo que prova mais uma vez, uma coisa em que acredito muito.
No que diz respeito a sentimentos...não há nada como descobrir um dia após o outro.
Muitas vezes o "já" apenas não é o momento certo.

Beijo minha viajante favorita ;)

Viajante pelos Sentidos disse...

Asterix, eu também sou uma grande fã!

Nikita... eu sei que sou um bocado repetitiva no tema - sim, o "já" não é, de todo, o momento certo. Embora me sinta feliz com o meu "já" - e sou absolutamente verdadeira e honesta quando o afirmo - o meu lado louco, aquele que até os que me são próximos desconhecem, não me deixa satisfazer com o que tenho. É esse meu lado louco que anseia pelo momento transgressor... é esse meu lado louco que me acelera o coração de expectativa...

Beijo para ti, minha one and only Nikita <3
(acho que só tu me entendes!)

Sofia M disse...

Opá...quem me encheu o coração foste tu!
És grande miúda!
Já sabias, não já? ;)

Beijo do tamanho do Mundo só para ti

Sofia M disse...

Volta.
Tenho saudades tuas!

Beijo grande